Doce Esperança

anda na escuridão de seus dias

procura razão para tanto sofrer

traça caminhos à esmo

nas rústicas vielas em que vive

 

sobe e desce íngremes ladeiras

busca sobreviver à solidão

rumina sua tristeza e sofrimento

nos tempos cruéis desse mundo

 

olhos cansados pela dor

veem transeuntes como espectros  

correm atrás de algum sentido

nas lutas incessantes pela sobrevivência

 

repete a rotina dia após dia

caí na amarga desesperança 

deixa sua cabeça pender

para o chão estéril e  sujo 

 

percebe, então, estranha luz na poeira

tenta forçar sua turva visão

divisando na densa névoa  

o  estímulo agradável e inusitado

 

 

tons amarelos raiando ao longe

em meio ao lixo acumulado

traz de volta curiosidade 

ao seu raciocínio torturado

 

delineia forma esguia ao  longe

alta, firme, bela, fulgente  

uma flor solar em meio do negrume

espraiando intensa energia

 

um girassol! ele grita exaltado

deixando um sorriso brotar

de seu rosto cheio de rugas

fazendo, por um instante

nascer uma doce esperança 

 

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