meu corpo no seu
seu corpo no meu
o que é meu
e o que é seu
se perdeu
no nosso abraço
laço de almas
com um corpo só.
dobro e redobro
criando formas
como origamis
bichos e flores
barcos e caixas
nasce uma coruja
que dá cambalhota
voa a gaivota
a bater suas asas
o sapo salta
solto no ar
abre o pavão
sua linda cauda
a caixa se encaixa
com viva geometria
dando luz e cor
a simples folha
viva de papel
marco e remarco
me descobrindo
de fato a cada ato
em que minhas mãos
concretizam no mundo
o que a minha mente
sempre guardou em si.
a lembrança que tenho
do canto de um pássaro
na madrugada de ontem
amanheceu com o nascer do sol
e se dissipou quando as estrelas
viraram parte do azul do dia
mas quando tusso
eu ainda pio.
marquei uma reunião
com o tempo
mas não conseguimos
nos encontrar
um dia nos atrasávamos
no outro nos adiantávamos
certas vezes
nem mesmo chegávamos
porque o tempo é muito agitado
não fica quieto para nada
e eu com a minha alma perdida
entre as indas e vindas da vida
ficava um dia lento
no outro acelerado
sempre mudando de ritmo
e acabando por deixar
o tempo passar por mim
sem conseguir me encontrar
no meu tempo e no meu lugar.